quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

O VELHO RÁDIO DE PILHA

                                                     
          O velho rádio de pilha de ‘mesa’, como diria minha mãe, era o móvel mais sofisticado da residência de um trabalhador rural. Ficava postado na mesa principal da casa. A mesma  que era utilizada para a família fazer as refeições. O rádio Semp, quatro faixas, como era conhecido pela marca.

          Não conto as vezes que invadi a madrugada ouvindo futebol na rádio Globo do Rio de Janeiro. Hora por outra tirava um cochilo encostado na mesa e acordava ao som do grito dos gols narrados pelas vozes mais marcantes do rádio brasileiro: Valdir Amaral e Jorge Cury; depois veio José Carlos Araújo.

          Ah! E a rádio Sociedade da Bahia com o show do Cláudio Amaral; a Nacional da Amazônia com Edelson Moura; Brasil Central de Goiânia. Nos sábados, no programa do Édimo Zarif, na Globo do Rio, tinha as vinte músicas mais tocadas da semana. Lembro-me que o hit, I just Called  To Say I Love You, de Stevie Wonder, passou mais de dez semanas como a mais tocada. Depois vieram Loiras Geladas, do grupo RPM; Caminhoneiro, de Roberto Carlos, e tantas outras. Em nível regional, como posso esquecer a Difusora de Picos e a Grande Serra de Araripina-PE. José Elpídio, Erivan Lima e Augustinho Hipólito, na primeira; Nelson Lopes e o seu ‘Campeonato Musical’, na segunda.

          Ainda tinha a rádio Pioneira de Teresina. Só era possível sintoniza - lá até as oito da manhã. Depois as ondas fugiam. Quando o meu pai decidia viajar para Picos, acendia o candieiro ás 4 da madrugada, ligava  o rádio e eu meio sonolento, ficava a ouvir Chitãozinho e Xororó: “..um pedacinho dela que existe. Um fio de cabelo no meu paletó’’.Quanta saudade. 

Foto: Rocílio Rocha
Crônica: O Velho Rádio de Pilha.
Fonte:Livro de crônicas: Sorria, enquanto é tempo! De  Francisco de Assis  Sousa.

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